Escrever liberta

Escrever é algo libertador. Quando nossos pensamentos e sentimentos são passados para um meio de comunicação (sim, porque hoje não usamos somente papel, mas principalmente meios digitais), estamos tentando expressar o que pensamos, uma opinião, um sentimento, um ponto de vista, um acontecimento. Mas não são todos que escrevem que sabem fazer isso. É que expressar-se é mais do que utilizar palavras, existem as formas gestuais, expressões corporais etc. Mas, além disso, existe todo um mundo cultural dentro de cada um. A linguagem não é explícita. E é isso que difere aqueles que se fazem entender, dos que apenas se expressam. Um leitor, não tem como não misturar suas raízes culturais com os textos.  A mensagem passa pelo filtro do receptor, e isso pode mudar todo o objetivo de um texto. Existem aqueles que gostam de escrever e não se importam com o leitor. Direito dele. Às vezes ele sabe que o texto pode trazer novas interpretações e acha que esse é o grande poder da leitura. Outras, não se importa mesmo com a interpretação, apenas deseja se expressar a seu modo. É por isso que acredito que escrever é algo libertador. Mas, eu, particularmente admiro aqueles que conseguem passar sua mensagem da forma como se originou. Considero um desafio. Muitas coisas dependem dessa interação escritor/leitor. Um exemplo é a ignorância ou não do sentido ou dos vários sentidos que algumas palavras possuem. Outra é o compatrilhar de vivências ou conhecimentos de mundo. Para explicar melhor, vou exemplificar: assisti a um filme certa vez, ao lado de um velho amigo, um tanto limitado em seus conhecimentos gerais. Ele entendeu o filme, assim como todos. Mas em um certo momento um personagem, cita o nome de Freud (o filme era legendado) e há uma sequência que envolve o nome do psicanalista, com algum toque de cinismo o que faz quase todo público rir. Meu amigo vira-se pra mim e pergunta: quem é o tal do Freud ?(e falou como se escreve pois leu a legenda). Ele não compartilhava da memória coletiva de quem é tal pessoa tão conhecida para muitos. Eu expliquei rapidamente a ele, mas essa necessidade de compartilhar conhecimentos é muito importante na comunicação Eu, como comunicadora, estudei Comunicação Dirigida e sei que devemos nos comunicar de acordo com o público a ser atingido. Mas existem casos em que a mensagem somente é 'pescada' por alguns e isso não interfere no enredo, na mensagem como um todo. Como no caso que citei, se eu não estivesse com meu amigo no cinema, ele não entenderia essa parte do filme, mas não era nada que fosse fazê-lo sair sem entender o filme todo. Já vi pessoas dizendo não entender um filme ou um livro, apenas por falta de conhecimento de costumes, de culturas diferentes. Essas pessoas até desistem, não querem ver ou ler até o fim. Acho importante a comunicação dirigida, comunicar-se com um público na linguagem dele. Mas não é possível utilizá-la em veículos de massa, então alguma lacuna fica não somente para pessoas limitadas por falta de oportunidade, mas para qualquer um de nós. Todavia, isto não nega a liberdade que é expressar-se, principalmente escrevendo. Quando escrevemos, podemos interagir, quando pensamos no que o leitor poderá interpretar, podemos desabafar sentimentos, mesmo que implicitamente, e é claro que o fazemos, e além de tudo, podemos deixar nossa marca, deixar escrito significa que deixamos marca, na vida das pessoas, ou em nossas vidas. Mesmo que, ao lermos o texto futuramente, não mais concordemos com nada!! Alguém pode concordar ainda. E acho que cada pessoa tem um jeito especial, algo que o faz ser identificado ao ler-se um texto dela. Como quando lemos Clarice Lispector ou Nelson Rodrigues. Quando dizemos: isso parece tão rodrigueano! É a personificação do texto, algo que vem de dentro do autor, sua identidade mesmo. Algo que sai de forma pacífica, sem esforço, livremente.
Escrevendo me liberto.

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